Autenticidade: nunca pude ser eu mesma
- Bruna Cipriano
- 18 de mar. de 2024
- 2 min de leitura
A clínica me ensina todo dia. A singularidade de cada caso me faz recorrer à habilidade de uma artesã. Busco na minha “caixa de costura” tecidos conceituais, fios da experiência enquanto terapeuta e agulha para costurar uma nova colcha de retalhos. Bem, pra dar vida a uma obra de arte é preciso ser um tanto autêntica.

Certo dia recebi uma mulher em meu consultório e sua demanda era tratar a insegurança para tomar decisões e para se expor. Ela havia sido promovida no trabalho, por ser competente, e precisava estar mais segura para exercer a nova função.
Escutando a sua história chegamos em uma parte da sua infância onde o contexto familiar era muito disfuncional, um pai que violentava fisicamente a mãe e mantinha traições que culminaram na separação.
Segundo a sua narrativa e elaboração essa menina virou “saco de pancada” para a mãe endereçar suas frustrações. Escutou da mãe muitas palavras violentas e nunca pode se defender com medo do ambiente ficar mais caótico. Ela cresceu calada, se sentindo inadequada. Boazinha para não incomodar e resolvendo sua vida sempre sozinha.
É claro que a sua auto estima e autoconfiança ficaram fragilizadas.
Hoje ela deseja ter segurança para ser quem ela é, o nome disso é AUTENTICIDADE.
Mas para isso é necessário ter coragem para ser vulnerável, sentir confiança no ambiente que a respeita, reconhecer o seu valor, buscando validação em si mesma, dar limites em suas relações além de reconhecer seus próprios limites.
O grande temor está em não agradar o outro tanto assim. Medo de não ser tão amada tanto assim.
Seguimos juntas tecendo essa obra até que ela faça a virada, do lado avesso, onde o que mais importa é poder ser ela mesma, gostar dela e se mostrar com as suas imperfeições.